Artigo de Nayara Ribeiro: A importância do patrimônio cultural

Artigo de Nayara Ribeiro: A importância do patrimônio cultural

IPHANAQ é a abreviação de Instituto do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Quixeramobim. Uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em 06 de junho de 2004. Composta por estudantes, professores, profissionais liberais, artesãos e artistas. Atuamos através de projetos de registro, formação cultural e debate político, contribuindo para a preservação da memória e da história e do pensamento crítico. Temos como missão superar as deficiências na formação de agentes culturais, sobretudo ligadas à preservação do patrimônio cultural, gestão e educação patrimonial.

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) define patrimônio cultural como bens, materiais ou imateriais, que possuem valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico. Essa definição abrange tanto monumentos e sítios físicos quanto práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas transmitidos de geração em geração.

O que é um Sítio Histórico?
Um Sítio Histórico é um local que possui significado histórico e cultural, sendo preservado e protegido para as gerações futuras. Geralmente, esses locais possuem construções antigas, ruínas, artefatos e documentos que contam a história de um determinado período ou evento.

Por que é importante preservar?
É importante saber de onde a gente veio? Entendermos o nosso passado e termos a memória disso fixada, de maneira que não apenas nós, mas as gerações futuras vão poder ter acesso a essa memória? Essa é a grande questão.

Ao mesmo tempo que os avanços tecnológicos tenham proporcionado diversos benefícios para sociedade humana, a rapidez com que isso vem acontecendo, esse frisson de querermos continuar avançando pro futuro, em direção ao chamado progresso, leva eventualmente a um questionamento: Vamos olhar pro futuro, o que ficou pra trás não importa! Será? Será que não importa sabermos de onde a gente veio e como chegamos até aqui? Será que esse conhecimento não vai nos permitir não cometer erros que foram cometidos anteriormente?

Diante dessas indagações podemos afirmar que a questão da memória de um grupo humano, cruza com a memória individual, pessoal. Perpassa a ideia de nos conectarmos, de saber de onde viemos, a que lugar pertencemos, da nossa identidade.

O ser humano é um animal gregário. É um ser vivo que necessita dos laços sociais com seus pares. Ao mesmo tempo que temos uma identidade pessoal essa identidade se cruza com identidades sociais maiores. E essas identidades sociais maiores fazem parte de uma memória coletiva. Então você tem por um lado uma memória individual, por outro uma memória coletiva que estão entrelaçadas. Na hora que você anula uma delas, a outra sai prejudicada.

A essa altura acreditamos que o leitor concorda conosco de que, é sim, importante e necessário se preservar a memória. Muito bem, mas o que? Que história você quer preservar? Essas escolhas que vão sendo feitas ao longo da história de um povo, de quais memórias vão ser preservadas diz muito sobre o que é aquela sociedade naquele momento. Vamos escolher
manter um determinado monumento porque ele é importante por conta de um determinado fato histórico que eu quero preservar, mas aquele outro não, não tem importância, pode destruir e construir um shopping! Como se equilibra isso?

O que faz parte dessa memória? São monumentos, grandes construções, pequenos objetos, histórias, memórias orais, receita de uma comida, a maneira de fazer determinada coisa, música, línguas, maneiras de falar? O patrimônio é esse todo.

Na hora que você preserva, como você preserva? Vai deixar lá estático, como que congelado no tempo? Vai ser um museu para as pessoas visitarem? Outra possibilidade seria transformar aquele espaço, reutiliza-lo, ressignifica-lo como a Casa de Antônio Conselheiro e Antiga Estação Ferroviária. Envolve ainda o desafio de manter a originalidade da construção em sintonia com o desenvolvimento tecnológico, garantindo a segurança daquele prédio e de seus frequentadores.

Quem decide o que e como deve ser preservado? São decisões que devem tomadas de forma democrática incluindo os vários grupos sociais. Não basta apenas preservar a memória de um grupo específico. Entra a questão de que é uma escolha de Estado, é da sociedade, mas que é mantida pelo Estado. Algo que impõe a existência de recurso. E essas questões não deveriam ser decididas em gabinetes fechados. É uma política de Estado, mas são decisões da sociedade. As pessoas devem estar informadas, conversando sobre isso. A questão do patrimônio, da memória, do que a gente é, deve ser uma decisão do grupo, uma decisão nossa. E para isso tem que ser conversado, na internet, no rádio, nas escolas… Só assim nós vamos conseguir, de fato ter escolhas que sejam realmente nossas.

Dessa forma, podemos afirmar que é imprescindível preservar patrimônios culturais como forma de manter a memória histórica de uma sociedade. Esses espaços guardam não apenas objetos, mas também identidades e narrativas essenciais para entender o passado, enriquecer o presente e planejar o futuro. A preservação também ajuda a promover a educação e o turismo cultural, incentivando a valorização das tradições e da história local e global. A sua preservação é de responsabilidade da União, dos estados e municípios, e da sociedade civil.

Para preservar o patrimônio cultural, o Poder Público, com a colaboração da comunidade, pode promover e proteger o patrimônio cultural por meio de leis, inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação, como também através da criação de um departamento de patrimônio dentro da prefeitura. Para garantir a conservação a longo prazo, é fundamental adotar abordagens sustentáveis e envolver ativamente a comunidade. É dever do poder público resguardar nossa história. Importante também a atuação do ministério público e da Câmara municipal na fiscalização.

A Ong IPHANAQ segue na luta pela preservação da história e memória do nosso povo, através de ações voltadas para a educação patrimonial e na militância pelo acesso da população aos meios culturais e à arte. Entendemos que a partir do momento que o povo conhece e valoriza sua história ele passa a ser um guardião do patrimônio cultural. Nesse sentido faz-se muito pertinente a frase do filósofo e educador Rubem Alves que diz “O que a memória ama fica eterno”.  Junte-se a nós nessa luta! Vamos juntos?

“Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la.” (Edmund Burke)

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